INDIGEO é um banco de dados bibliográficos sobre as “geografias indígenas”.

A expressão “geografias indígenas” faz referência, intuitivamente, às diferentes formas de inscrição no espaço dos povos indígenas, de suas identidades, representações e imaginários geográficos. No sentido largo, ela remete igualmente a um campo de reflexão específico no âmbito dos estudos indígenas, centrado na análise das realidades socioespaciais dos povos indígenas. Embora se refiram “naturalmente” à disciplina geográfica, devemos, no entanto, considerar que as geografias indígenas se situam no cruzamento de diversas outras disciplinas, como a história e a antropologia em particular, que dialogam com a geografia. Desta forma, o banco de dados INDIGEO preenche uma dupla função. Ele deve em primeiro lugar permitir a toda pessoa que se interesse, por diferentes motivos, pelas questões relativas aos povos indígenas e a seus territórios, aceder a um estado da arte atualizado e o mais exaustivo possível dos trabalhos realizados sobre este assunto no mundo inteiro, em diferentes línguas e diferentes períodos. Ao mesmo tempo, a estruturação deste estado da arte sob a forma de um banco de dados constitui uma ferramenta que permite avaliar o interesse consagrado pela comunidade científica às realidades socioespaciais dos povos indígenas e tentar saber, em resumo, desde quando, onde, porque e como se manifesta o interesse por estas problemáticas?

Ao delinear os contornos das geografias indígenas, o banco de dados INDIGEO se inscreve em um processo epistemológico de duplo sentido. Em primeiro lugar, ele permite destacar o interesse que pode revestir a análise das realidades socioespaciais indígenas para as disciplinas que a empreendem – em particular a geografia. Em seguida, ele pode contribuir para salientar e questionar o alcance destas análises para os povos indígenas. E indiretamente, a própria noção de indigeneidad e do que se entende por “povo indígena” é também posta em destaque pela leitura cruzada dos trabalhos recenseados neste banco de dados.

Por esta razão, é importante precisar que o trabalho de recenseamento previsto se baseia em um amplo entendimento da indigeneidad, tal como definida na enciclopédia Hypergeo, como a “qualidade reivindicada por numerosos povos oriundos de diversas regiões do mundo, cuja característica comum é ter conhecido uma situação colonial – ainda de atualidade, sob uma forma conhecida como ‘colonialismo interno’ – e sofrido um vasto processo de usurpação territorial, a maioria das vezes após a instauração de colônias de povoamento”.

Assim definida, a indigeneidad se entende como uma categoria política maleável que não se reduz a seu sentido etimológico restrito relativo a uma “origem primeira”. Ela pode então ser reclamada por povos cuja qualidade de indígenas não foi necessariamente estabelecida ou reconhecida, mas que sofreram, no entanto, de formas de exclusão e de vulnerabilidades que permitem os identificar como grupos politicamente dominados no âmbito dos Estados de que dependem.

Neste sentido, o que o banco de dados INDIGEO faz aparecer, é que a indigeneidad se declina no plural, que existem diferentes formas de ser e se reivindicar indígena, e, portanto, diferentes maneiras de ser, no espaço e em relação a este. A declinação no plural da expressão “geografias indígenas” é então essencial, ao significar que existem tantas geografias quantos povos indígenas e o fato que esses povos podem, por outro lado, conhecer uma grande diversidade de dinâmicas socioespaciais.

O objetivo do banco de dados INDIGEO sendo de atingir um público o mais amplo e diverso possível e facilitar o conhecimento dos trabalhos elaborados no campo das geografias indígenas e o acesso aos mesmos, este website está disponível em quatro línguas: inglês, francês, espanhol e português. Boa navegação!